UNITAS ECCLESIAE
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II E
A REFORMA LITÚRGICA
A unidade da Igreja, a preservação dos costumes e a sã doutrina podem ser por vezes ameaçadas e questionadas por pessoas apedeutas, que, sem o devido preparo, acreditam encontrar-se no direito de publicamente manifestar o seu discurso, tendo por convicção ser algo correto, porém apenas criam um ambiente de divisão e demonstram a sua total ignorância e falta de instrução, principalmente ao falar sobre os atos conferidos pelo Magistério da Igreja e de documentos solenemente revisados e publicados por um Concílio Ecumênico.
Nesta seara digital é necessário obter este discernimento, pois “numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos” (cf. Mt 24, 11). E estes falsos profetas se manifestam no meio de nosso apostolado e na comunidade, disfarçados de pessoas com uma instrução que aparentemente convence. Por isso é necessário ter o desejo de busca da verdade, assim como desejou também Santo Agostinho em sua juventude, colocando a mente e a alma à procura dela. Só saberemos realmente tendo contato com as fontes primárias e as verdadeiras pessoas capacitadas para fornecer uma hermenêutica dos textos publicados.
Ainda a idolatria a gestos externos, ritos ou formas de manifestação religiosa somente nos afastam do evangelho; desta forma, criamos uma espécie de “bolha”, em que somente aquilo que determinado grupo prega é a verdade, ou absorvemos somente aquilo que acreditamos ser a verdade, criando assim uma nova fé, religião ou crença. Por vezes, acreditamos que sabemos o suficiente ou, em uma atitude de orgulho e soberba, negamos aqui o que a Igreja determinou, acreditando estar acima das determinações e da prepotência de sermos os donos da razão.
Esta carta vem para reafirmar que, enquanto comunidade e apostolado católico presente no Minecraft, estamos em plena comunhão com a Igreja da realidade, e mesmo após alguns membros de nosso orbe, mascarados de uma falsa piedade, tentarem negar os atos autênticos do magistério e a dignidade do Santo Sacrifício oferecido por Nosso Senhor Jesus Cristo presente na forma ordinária do Rito Romano, nossa unidade permanece intacta e convicta de que o próprio Cristo governa e guia a Igreja pelos séculos.
A
unidade da Igreja, conforme ensinado pela tradição e pelo magistério autêntico,
manifesta-se de forma visível desde os primórdios do cristianismo, refletindo a
vontade de Cristo de que seus discípulos sejam um, como Ele e o Pai são um (cf.
Jo 17, 21). Essa unidade não é apenas espiritual ou interna, mas se
expressa através de laços concretos de comunhão que unem os fiéis em uma só
família de Deus. Esses laços incluem a profissão de uma só fé recebida dos
Apóstolos, a celebração comum do culto divino (especialmente os sacramentos) e
a sucessão apostólica por meio do sacramento da Ordem.
A Unidade na profissão
de uma só fé.
Desde
os tempos apostólicos, a unidade da Igreja se manifesta pela adesão comum à fé
transmitida pelos Apóstolos e seus sucessores. Essa fé é o fundamento
invisível, mas visível na pregação e no ensino unânime da Igreja. Como afirma o
Catecismo da Igreja Católica, a Igreja, espalhada pelo mundo, guarda a fé com
cuidado, crendo como se tivesse "uma só alma e um só coração" e
pregando com "uma só voz". O Concílio Vaticano II, na
declaração Unitatis Redintegratio, explica que Cristo instituiu a
Igreja para reunir o povo da Nova Aliança em uma unidade de fé, esperança e
caridade, sob a ação do Espírito Santo, que é o princípio de sua unidade.
Essa
unidade doutrinal é o "pilar e sustentáculo da verdade" (1Tm 3, 15),
e se manifesta na continuidade da pregação evangélica pelos bispos, sucessores
dos Apóstolos, em comunhão com o Sucessor de Pedro.
A
Unidade na celebração comum dos sacramentos.
A
unidade se realiza de modo sacramental, especialmente na Eucaristia, que é o
sinal e a realização da unidade da Igreja. Cristo instituiu o sacramento da
Eucaristia para que os fiéis, partilhando de um só pão, formem um só
corpo. O Catecismo enfatiza que os sacramentos expressam e desenvolvem a
comunhão de fé na Igreja, sendo um critério essencial para o diálogo ecumênico
e a restauração da unidade cristã.
Na
Constituição Dogmática Lumen Gentium se descreve como, pelo
Batismo, os fiéis são incorporados ao Corpo de Cristo, e pela Eucaristia, são
unidos a Ele e uns aos outros: "Porque o pão é um só, nós, embora muitos,
somos um só corpo, todos os que participamos do único pão". Essa
manifestação litúrgica é universal: onde quer que haja uma paróquia, mesmo na
mais remota parte do mundo, lá está a Igreja una, com a mesma vida sacramental.
O
Papa Francisco nos recorda que essa unidade no sacramento é um dom de Deus,
presente em toda a Igreja, independentemente de raças ou culturas.
A
Unidade na sucessão apostólica e na hierarquia.
A
estrutura hierárquica da Igreja, centrada nos bispos em comunhão com o Papa, é
outro modo visível de unidade, enraizado na sucessão apostólica através da ordenação. A
Lumen Gentium ensina que os bispos são o princípio visível de
unidade em suas Igrejas particulares, modeladas pela Igreja universal, e juntos
com o Romano Pontífice representam toda a Igreja em laços de paz, amor e
unidade.
Essa
colegialidade episcopal promove a unidade de governo eclesial, onde cada bispo
cuida de sua diocese, mas todos zelam pela Igreja inteira. O Catecismo
reforça que essa sucessão mantém a "concórdia fraterna da família de
Deus". No Oriente, como no Catecismo da Igreja Greco-Católica
Ucraniana, a unidade se manifesta na ordenação hierárquica em torno do bispo,
com ministérios presbiterais, diaconais, monásticos e leigos, formando o único
Corpo de Cristo.
A
Unidade na caridade e na missão comum.
Além desses laços visíveis, a caridade
"une tudo em perfeita harmonia" (Cl 3, 14), permeando toda a
vida eclesial. Novamente a Lumen Gentium destaca que a
diversidade de membros e funções no Corpo de Cristo — leigos, clérigos,
religiosos — contribui para a unidade, sem desigualdades baseadas em raça,
nação ou condição social, pois todos são um em Cristo Jesus. Essa unidade
se manifesta na missão compartilhada: a Igreja é sinal e instrumento da união
íntima com Deus e da unidade de toda a humanidade. O Papa São João Paulo II,
em discurso aos bispos franceses, sublinhou que a unidade episcopal é raiz da
unidade da Igreja, e as Igrejas particulares, em sua diversidade legítima,
contribuem para o todo sem prejudicar a comunhão.
CAPÍTULO II – O CONCÍLIO VATICANO II
O
Concílio Ecumênico Vaticano II, o 21º concílio da Igreja Católica, convocado
pelo Papa São João XXIII e realizado entre os anos de 1962 e 1965. Com a
finalidade de atualizar a Igreja, promovendo sua renovação interna, o diálogo
ecumênico e a abertura ao mundo moderno, sem alterar a doutrina essencial, mas
desenvolvendo-a de forma pastoral e bíblica. Seus 16 documentos —
constituições, decretos e declarações — enfatizam a Igreja como "Povo de
Deus" em comunhão, sinal de salvação para a humanidade, e respondem aos
desafios da era pós-guerra, como secularização e divisões cristãs.
Essa
assembleia não foi uma ruptura com a tradição, mas uma "hermenêutica de
reforma" que integra continuidade e renovação, como sublinhado por papas
subsequentes. Sua influência moldou a Igreja contemporânea, e sua importância
persiste em guiar respostas a questões atuais.
O
Concílio Vaticano II.
O
Concílio foi anunciado em 25 de janeiro de 1959 pelo Papa São João XXIII,
eleito meses antes, e inaugurado em 11 de outubro de 1962 na Basílica de São
Pedro, reunindo cerca de 2.500 bispos, teólogos e observadores de outras
denominações cristãs.
Diferente
de concílios anteriores, como o de Trento (contra a Reforma) ou o Vaticano I
(sobre a primazia papal), o Vaticano II foi pastoral, sem anátemas ou
definições dogmáticas novas, mas focado em uma "nova evangelização"
para o mundo moderno. Realizado em quatro sessões (1962-1965), sob o Papa João
XXIII e com o Papa Paulo VI (após a morte do primeiro em 1963), o Concílio
rejeitou esquemas rígidos preparados pela Cúria Romana e adotou uma abordagem
colaborativa, influenciada pela "Aliança do Reno" (bispos europeus
progressistas), priorizando as Sagradas Escrituras e os Padres da Igreja.
Os
objetivos centrais eram triplos: renovação espiritual da Igreja, promoção da
unidade cristã e diálogo com a sociedade secular.
Constituições
Dogmáticas: Sacrosanctum Concilium (liturgia, promovendo participação
ativa); Lumen Gentium (eclesiologia, descrevendo a Igreja como Corpo
Místico de Cristo e comunhão hierárquica); Dei Verbum (revelação,
enfatizando a Escritura como alma da teologia); Gaudium et
Spes (Igreja no mundo moderno, abordando alegrias, esperanças e angústias
humanas).
Decretos
e Declarações: Sobre ecumenismo (Unitatis Redintegratio), missões (Ad Gentes),
liberdade religiosa (Dignitatis Humanae) e relações com não-cristãos (Nostra
Aetate), abrindo caminhos para o diálogo inter-religioso.
O
Concílio encerrou-se em 8 de dezembro de 1965, com São Paulo VI proclamando-o
como um "conselho de esperança", confirmando a tradição apostólica
enquanto a adapta às necessidades do tempo.
Influência
na Igreja.
O
Vaticano II exerceu uma influência profunda e multifacetada, revitalizando a
vida eclesial e moldando o pós-concílio. Sua recepção, guiada pelo Magistério,
evitou extremos de ruptura ou imobilismo, promovendo uma "renovação na
continuidade".
Sacrosanctum
Concilium inspirou a revisão do Missal Romano (1969), introduzindo o Novus
Ordo, com maior participação dos fiéis, leitura bíblica abundante e
inculturação litúrgica, tornando a Eucaristia o centro da unidade
eclesial. A ênfase na Palavra de Deus na Dei Verbum impulsionou
a lectio divina e a teologia bíblica, influenciando catequeses e
homilias.
A
Lumen Gentium aprofundou a visão da Igreja como "sacramento de
salvação" (sinal e instrumento de comunhão com Deus e unidade humana),
destacando o papel dos leigos, a colegialidade episcopal e a Igreja como
"Povo de Deus" em peregrinação. Isso levou à criação do Sínodo
dos Bispos (1965), conferências episcopais e maior envolvimento leigo, como no
laicato missionário (Apostolicam Actuositatem). A influência se estendeu
ao Código de Direito Canônico (1983), que incorpora princípios conciliares de
comunhão e subsidiariedade.
Unitatis
Redintegratio e Nostra Aetate transformaram as relações inter-religiosas, repudiando o
antissemitismo e reconhecendo elementos de verdade em outras religiões,
pavimentando o caminho para o Concílio para a Promoção da Unidade Cristã e
diálogos com ortodoxos, protestantes e muçulmanos. O Papa São João Paulo II, em
1984, destacou como o Concílio superou divisões seculares, promovendo a unidade
visível desejada por Cristo.
A
Gaudium et Spes marcou uma virada antropocêntrica positiva, vendo o
mundo como criação de Deus redimida por Cristo, influenciando encíclicas
como Populorum Progressio (1967) sobre desenvolvimento e
paz. Isso fomentou engajamento em direitos humanos, justiça social e
ciência, contrastando com visões pré-conciliares mais defensivas. No
entanto, a recepção pós-conciliar gerou tensões, com narrativas de
"espírito do Concílio" levando a abusos, como relativismo litúrgico,
mas o Magistério (Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI) insistiu na fidelidade
aos textos.
O
contexto atual da Igreja
No
mundo de hoje, marcado por globalização, crises éticas, secularismo e
polarizações, o Vaticano II permanece uma "bússola" essencial, como
enfatizado por papas recentes. Sua importância reside em fornecer
ferramentas para uma Igreja sinodal, dialogal e profética.
O
Concílio, ao promover a colegialidade e o sensus fidei, inspira o
processo sinodal atual, tendo maior ênfase no pontificado do Papa Francisco,
como documentado pela Comissão Teológica Internacional (2018), que vê a
sinodalidade como estilo eclesial permanente, enraizado na Lumen
Gentium. Isso é crucial para enfrentar desafios como abusos clericais
e inclusão de marginalizados, fomentando uma Igreja "em saída" (Evangelii
Gaudium).
A Gaudium
et Spes continua relevante para questões como migração, ecologia (Laudato
Si'), bioética e ateísmo moderno, convidando a Igreja a ler os "sinais
dos tempos" com otimismo cristão. Em um mundo fragmentado, sua visão da
Igreja como ponte para a unidade humana combate o individualismo e o
nacionalismo.
CAPÍTULO III – A REFORMA LITÚRGICA
A
Reforma Litúrgica, promulgada principalmente pela Constituição Sacrosanctum
Concilium do Concílio Vaticano II, representa um dos frutos mais visíveis e
duradouros do Concílio, visando restaurar o "verdadeiro e autêntico
espírito da liturgia" por meio de uma renovação que torna os ritos mais
acessíveis, participativos e fiéis às fontes apostólicas e patrísticas.
Essa
reforma não foi uma invenção moderna, mas o ápice de um movimento litúrgico que
remonta ao Papa São Pio X (início do século XX) e à encíclica Mediator Dei
de Pio XII (1947), enfatizando a liturgia como ação de Cristo e da Igreja, não
mero cerimonial exterior. Seus objetivos centrais — clareza na expressão
das realidades sagradas, compreensão pelo povo e participação plena, ativa e comunitária
— resultaram em revisões profundas dos ritos, como o novo Missale Romanum
(1970) e a Liturgia das Horas, promovendo uma espiritualidade mais bíblica e
eclesial. Implementada sob o Papa São Paulo VI e continuada por seus
sucessores, a reforma trouxe frutos benéficos, como maior consciência da ação
sacra e senso comunitário, embora exija formação contínua para evitar abusos ou
resistências.
Princípios
fundamentais
O
Concílio Vaticano II, guiado pelo Espírito Santo, buscou recuperar a liturgia
primitiva: simplificar formas para melhor compreensão dos fiéis, alinhando-as à
mentalidade contemporânea, sem diminuir a importância da oração ou da arte
sacra, mas recuperando fontes de verdade e graça para enriquecer o tesouro
espiritual do povo. O Papa Paulo VI, ao promulgar Sacrosanctum Concilium,
enfatizou que a liturgia é a ação de Cristo Sacerdote, associando a Igreja a
Si, e transcende o privado para se tornar oração pública de todo o Povo de
Deus. Essa visão, enraizada na tradição, foi preparada por séculos de
reflexão pastoral, culminando no Concílio como um "novo passo
adiante" para multiplicar as disposições pastorais.
Os
princípios chave incluíram a liturgia como fonte e ápice da vida cristã,
expressando o mistério salvífico de Cristo; participação ativa de todos os
fiéis, não só clérigos; uso de línguas nacionais ao lado do latim; maior
abundância de Escritura nas celebrações; e adaptação à cultura local
(inculturação), sem alterar o essencial. O Papa São João Paulo II, em 1984, ao
comemorar os 20 anos de Sacrosanctum Concilium, destacou que esses
princípios visavam assimilar o "espírito da liturgia", tornando-a
mais compreensível e frutífera.
Principais
mudanças e implementações.
A
reforma introduziu inovações concretas, aprovadas após ampla consulta e
preparação pelas comissões conciliares, culminando na promulgação do novo Ordo
Missae por Paulo VI em 1969.
Os
textos e cerimônias foram revisados para eliminar redundâncias, tornando-os
mais diretos e expressivos das realidades sagradas. O novo Missal incluiu, ao
lado do Canone Romano (mantido substancialmente inalterado), novas Orações
Eucarísticas, facilitando a participação e a compreensão. Isso se estendeu
à Liturgia das Horas, transformada de prática privada de clérigos em oração
comum do Povo de Deus.
A
introdução das línguas nacionais permitiu que os fiéis "compreendam melhor
o que se proclama ou se realiza em seu nome no altar", fomentando uma
celebração plena e comunitária.
Para
povos com expressões devocionais fortes, como no Brasil, a reforma incentivou
integrar canto e devoção exterior ao espírito litúrgico autêntico, sem
oposições artificiais. No entanto, o Papa Paulo VI alertou contra
modificações privadas ou ritos pessoais, exigindo aprovação das comissões
competentes.
Essas
implementações foram graduais, com o período de transição concluído nos anos
1970, e novas normas divulgadas para garantir fidelidade.
Frutos,
recepção e desafios.
Os
frutos da reforma são "indiscutivelmente benéficos", como atestou o
Papa Paulo VI em 1977: maior participação litúrgica, consciência viva da ação
sacra, conhecimento bíblico ampliado e senso comunitário fortalecido,
confirmando que a Igreja está na "via giusta". Papa João Paulo
II, em diversas ocasiões, afirmou que a reforma foi bem acolhida globalmente,
especialmente onde houve catequese adequada, resultando em resultados positivos
e no reconhecimento de que é o "fruto mais visível" do Concílio.
Contudo,
não faltaram desafios: carências, hesitações e abusos na aplicação, ou
resistências por apego às formas antigas. Em 1990, João Paulo II exortou a
prosseguir na formação litúrgica de fiéis e clérigos para uma inserção ativa e
consciente no mistério, evitando que a liturgia perca sua essência
salvífica. A inculturação permanece, mas deve subordinar o humano ao
divino, garantindo que a obra redentora de Cristo seja vivida em toda língua e
povo. A Congregação para o Culto Divino (hoje Dicastério para o Culto Divino)
continua a supervisionar, promovendo o "espírito da liturgia" nos
agentes humanos.
Atualidade.
Hoje,
a Reforma Litúrgica impulsiona uma pastoral litúrgica orgânica, como objetivo
permanente da Igreja, integrando tradição e modernidade para santificar os
homens e glorificar a Deus. Em um mundo fragmentado, ela recorda a
liturgia como escola de fé e unidade, essencial para a Nova Evangelização. Sob os
pontificados recentes, como do Papa Bento XVI, enfatizou-se a sacralidade e a
participação, com o motu proprio Summorum Pontificum permitindo formas
extraordinárias para enriquecer a ordinária. A reforma não é estática: exige
renovamento contínuo, formação e fidelidade, para que a Igreja continue a viver
o mistério pascal em plenitude.
CAPÍTULO IV – A ADESÃO AO MAGISTÉRIO E
O PAPEL DO APOSTOLADO NO MINECRAFT
O
Concílio Vaticano II, ao promover a adesão fiel ao Magistério como base da
unidade eclesial e o apostolado leigo como fermento evangélico no mundo (Apostolicam
Actuositatem), oferece princípios vitais para navegar em meio aos desafios
digitais como o Minecraft, onde interações criativas podem gerar divisões. Nesse universo virtual, questões como
polarizações doutrinárias em conversas, ou em conteúdos que contradizem valores
morais cristãos são presentes. Como o sensacionalismo que amplifica debates
acalorados — semelhantes às tensões pós-conciliares sobre liturgia e doutrina —
ameaçam a comunhão.
A
adesão ao Magistério garante discernimento autêntico, enquanto o apostolado
atua como ponte de diálogo e unidade, transformando potenciais conflitos em
oportunidades de evangelização, em linha com a visão digital da Igreja como
"espaços" de encontro e não mera ferramenta. Assim, cada pessoa pode
usar o jogo para testemunhar Cristo, promovendo uma cultura de respeito e
amizade mesmo em ambientes fragmentados.
As
questões divisórias.
No
mundo digital, incluindo o Minecraft, se reflete a complexidade da sociedade
moderna, onde "vozes acaloradas e divisórias" prevalecem, como
alertado pelo Papa Bento XVI. Essas questões, análogas às divisões eclesiais
pós-Vaticano II, como as interpretações litúrgicas divergentes, surgem da
autonomia crescente das áreas humanas e da influência de opiniões
sensacionalistas, demandando o apostolado leigo para penetrar o temporal com o
espírito do Evangelho.
Em
nosso apostolado católico, discussões sobre temas como sacramentos ou
moralidade podem escalar para acusações de "heresia" ou
"progressismo excessivo", ecoando tensões entre tradições litúrgicas.
Isso promove a divisão da comunidade, isolando jogadores e enfraquecendo o
testemunho coletivo.
A adesão ao magistério como âncora contra divisões.
A
união com Cristo pela Batismo e Confirmação, é o direito e dever de todo fiel,
conferindo carismas para o bem comum e protegendo contra o "apagamento do
Espírito" em meio a controvérsias. Na nossa comunidade presente no
Minecraft, isso significa submeter criações e interações ao ensinamento da
Igreja, promovendo uma "hermenêutica de continuidade" que integra
tradição e modernidade, como no Vaticano II. O Magistério, com sua autoridade
pastoral, oferece discernimento para "testar tudo e reter o que é
bom" (1 Ts 5, 21), evitando que divisões digitais diluam a fé.
Antes
de exprimir opiniões ou discursos sobre os documentos e atos realizados pelo
magistério da igreja é necessário preparo e conhecimento, por isso é exortado
que cada fiel consulte documentos como o Catecismo ou encíclicas para alinhar
conteúdos — por exemplo, o devido respeito a Sacrosanctum Concilium.
Essa adesão fortalece a unidade, como em associações leigas que cooperam com a
hierarquia para evangelizar sem dispersão.
O
papel do apostolado.
O
apostolado real, vocação inerente à vida cristã, é essencial em tempos de
autonomia secular. Em nossa realidade, ele se exerce como esforço unido para
evangelizar e santificar o temporal, organizando formas coletivas que
simbolizam a comunhão eclesial e protegem contra pressões sociais. Frente a
divisões, o apostolado atua como "corpo orgânico" (Ef 4, 16), promovendo
a unidade.
Na
comunidade se requer formação espiritual e incentivo pastoral para resistir a
pressões. No digital, isso inclui alertas contra sensacionalismo, confiando no
"desejo humano de amor e verdade" plantado por Deus.
Frente
a questões divisórias, a adesão ao Magistério ancorada no Vaticano II e o
apostolado leigo emergem como remédios essenciais para cultivar unidade e
evangelização autêntica. Ao discernir com caridade e atuar em comunhão, os
fiéis transformam o jogo em um "areópago moderno" de esperança, onde
o Espírito Santo opera para superar fragmentações, ecoando a missão da Igreja
de proclamar o Evangelho a toda criação (Mc 16, 15). Essa abordagem não
só resolve tensões, mas enriquece a fé, convidando todos a uma presença plena e
amorosa no digital.
CONCLUSÃO
À
luz de tudo o que foi exposto, torna-se evidente que a unidade da Igreja
permanece como dom e tarefa para cada fiel. O Concílio Vaticano II, longe de
representar ruptura, reafirmou essa unidade ao oferecer à Igreja um renovado
vigor pastoral, abrindo caminhos para o diálogo, a formação e a vivência
autêntica da fé em um mundo em constante transformação. Sua recepção, quando
guiada pela fidelidade aos textos conciliares e à tradição viva, fortalece a
comunhão, evitando desvios que geram confusão ou divisionismo.
A
Reforma Litúrgica, fruto legítimo do mesmo Concílio, igualmente se mostra como
expressão visível dessa unidade, pois a liturgia nos reúne em torno do único
Sacrifício de Cristo. Quando celebrada com reverência, fidelidade às normas e
autêntica participação do Povo de Deus, torna-se sinal luminoso de comunhão e
escola de caridade, superando polarizações e preferências pessoais que, se
absolutizadas, ofuscam o essencial.
No
contexto da nossa comunidade católica presente no Minecraft, essas verdades assumem
um caráter concreto e urgente. Assim como no mundo real, também no espaço
digital surgem opiniões infundadas, discursos agressivos, interpretações
particulares e críticas destituídas de base doutrinal. Tais atitudes, quando
não iluminadas pela fé e pela razão, abrem brechas para divisões internas,
escândalos e afastamento da verdade. Por isso, reafirmamos que nossa missão,
enquanto comunidade e apostolado, é permanecer em plena comunhão com a Igreja
de Cristo, vivendo a doutrina, a liturgia e a moral conforme o ensinamento
autêntico do Magistério.
Que
nossas palavras sejam marcadas pela humildade intelectual, pela busca da
verdade e pelo respeito à Igreja, colocando-nos sempre sob a orientação segura
daqueles a quem Cristo confiou o governo de seu rebanho.
Assim,
reafirmamos que nossa unidade não depende de sensibilidades pessoais ou
preferências rituais, mas da fidelidade inquebrantável. Unidos pela fé e
guiados pelo Magistério, seguimos convictos de que é Cristo quem conduz sua
Igreja pelos séculos e conduz também nossa comunidade virtual. Que acima de
tudo, se ecoe as palavras pronunciadas por São João Batista – “É preciso que
ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30).
Invocamos
a proteção da Bem Aventurada e Sempre Virgem Maria, confiando à sua materna
intercessão todas as nossas intenções e esforços. Que seu exemplo de fé e
entrega nos inspire a caminhar com coragem e perseverança, buscando sempre a
vontade de Deus em nossas vidas. Sob sua guia amorosa, rogamos que nossas ações
frutifiquem em graça e paz, para a maior glória do Senhor e o bem de todos.
Amém.
O Sumo Pontífice Pio
IV, na Audiência concedida ao subscrito Prefeito, no dia 21 de novembro do ano
Jubilar de 2025, aprovou a presente Nota, decidida na Sessão Ordinária deste
Dicastério, realizada em 18 de novembro de 2025, e ordenou a sua publicação.
Dado e Passado em Roma, no Palácio do Santo Ofício,
ao vigésimo sétimo dia do mês de novembro do ano Jubilar de dois mil e vinte e cinco.
Devotíssimo no Senhor,
Cardeal-Bispo di Palestrina
Prefeito
________________
1. Catecismo da Igreja Católica – 173, 815, 1126.
2.
Carta Encíclica “Ad Petri Cathedram – 67 | Papa João XXIII.
3.
Decreto “Unitatis Redintegratio” – 2 | Concílio Vaticano II.
4.
Temas Escolhidos de Eclesiologia, por Ocasião do XX Aniversário da Conclusão do
Concílio Vaticano II – IX.2 | Comissão Teológica Internacional.
5.
Compêndio dos Símbolos, Definições e Declarações de Fé e Moral – 1638 |
Heinrich Joseph Dominicus Denzinger.
6.
Constituição Dogmática “Lumen Gentium” – 1, 7, 23, 28, 32 | Concílio Vaticano
II.
7.
Audiência Geral de 25 de setembro de 2013 | Papa Francisco.
8.
Catecismo da Igreja Greco-Católica Ucraniana: Cristo – Nossa Páscoa – 286.
9.
Discurso na Visita Ad Limina Apostulorum da Conferência Episcopal
Francesa – 28 de novembro de 2003 | Papa João Paulo II
10.
Audiência Geral de 28 de outubro de 2015 | Papa Francisco.
11.
Homilia da Missa de Abertura do Ano da Fé – 11 de outubro de 2012 | Papa Bento
XVI.
12.
Homilia na Missa do 60 Aniversário da Abertura do Concílio Vaticano II – 11 de
outubro de 2022 | Papa Francisco.
13.
Vídeomensagem na Ocasião do Encontro Nacional da Igreja Francesa no 50
Aniversário da Abertura do Concílio Vaticano II – 24 de março de 2012 | Papa
Bento XVI.
14. Carta
Apostólica sob forma de Motu Proprio “Porta Fidei” com a qual se
Proclama o Ano da Fé – 5 | Papa Bento XVI
15.
Discurso aos Participantes do Encontro com os Moderadores das Associações de
Fiéis, dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades – 13 de junho de 2024 |
Papa Francisco.
16.
Discurso no Encontro com os Bispos que Participaram do Concílio Vaticano II e
os Presidentes das Conferências Episcopais – 12 de outubro de 2012 | Papa Bento
XVI.
17.
Discurso na Celebração da Conclusão da Segunda Sessão do Concílio Vaticano II –
04 de dezembro de 1963 | Papa Paulo VI.
18.
Discurso aos Participantes da Plenária da Congregação para o Culto Divino e
Disciplina dos Sacramentos – 03 de maio de 1996 | Papa João Paulo II.
19.
Discurso ao Sacro Colégio Cardinalício – 22 de junho de 1973 | Papa Paulo VI.
20.
Discurso no Consistório de Criação Cardinalícia de Quatro Cardeais – 27 de
junho de 1977 | Papa Paulo VI.
21.
Discurso na Comemoração da Constituição Conciliar “Sacrosanctum Concilium – 27
de outubro de 1984 | Papa João Paulo II.
22. Homilia
na Visita Pastoral a Igreja dos Santos Fabiano e Venâncio a Via Fiorelli – 14
de janeiro de 1990 | Papa João Paulo II.
23.
Discurso aos Bispos do Brasil na Visita Ad Limina – 20 de março de 1990
| Papa João Paulo II.
24.
Discurso aos Bispos da Argentina na Visita Ad Limina – 23 de novembro de
1989 | Papa João Paulo II.
25.
Discurso aos Bispos do Brasil – Regional Nordeste 3 – na Visita Ad Limina
– 29 de setembro de 1995 | Papa João Paulo II.
26. Decreto Apostolicam Actuositatem – 1, 2, 3, 9, 18, 19, 20, 21
| Concílio Vaticano II.
27. Rumo à presença plena – Um reflexão pastoral sobre a participação
nas redes sociais | Dicastério para a Comunicação.
28. Igreja e Internet – 28 de fevereiro de 2002 | Pontifício Conselho
para as Comunicações Sociais.
29. Mensagem aos jovens da Holanda por ocasião do I Dia Nacional da
Juventude Católica | Papa Bento XVI.
30. Mensagem para o 48 Dia Mundial das Comunicaões Sociais, 2014 –
Comunicação a Serviço de uma autêntica cultura do encontro| Papa Francisco.
