Audiência Geral | Catequese Jubilar e Carta de Renúncia ao Ministério Petrino (20/08) - Papa Gregório V


DISCURSO DA AUDIÊNCIA GERAL
20 de Agosto de 2025
Auditório São Paulo VI, Vaticano
Papa Gregório V
Memória de São Bernado.

CARTA DE RENÚNCIA AO MINISTÉRIO PETRINO

Caríssimos irmãos e irmãs,
Hoje nos é apresentada uma passagem do Evangelho segundo São Mateus que toca o coração da fé e da vida cristã. Os fariseus, desejosos de colocar Jesus à prova, perguntam: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” E a resposta do Senhor é clara, luminosa, definitiva: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos. O segundo é semelhante a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”

Queridos filhos, aqui encontramos o centro de tudo: o amor. Não um amor vago, superficial, reduzido a um sentimento passageiro, mas o amor que nasce de Deus e que nos faz viver em plenitude. Jesus não nos dá uma lista complicada de normas, não nos propõe um caminho inacessível, mas nos indica a raiz de toda a vida cristã: amar a Deus e amar ao próximo. Tudo o mais é consequência, tudo o mais é reflexo desse mandamento maior.

Amar a Deus significa colocar o nosso coração inteiro diante d’Ele, sem reservas, sem divisões. Significa reconhecer que Ele é o Senhor da nossa vida e que tudo o que somos e temos vem d’Ele. Amar a Deus é abrir-se a uma relação de confiança, de entrega, de obediência amorosa. Mas esse amor não fica fechado em nós mesmos; ele se expande e se concretiza no amor ao próximo. Jesus une os dois mandamentos como se fossem um só, porque não podemos amar a Deus sem amar os irmãos, e não podemos amar os irmãos sem reconhecer neles a presença do próprio Deus. O amor a Deus se torna visível no cuidado com o próximo, na compaixão pelos que sofrem, na paciência com os fracos, na solidariedade com os pobres.

Queridos irmãos e irmãs, esse Evangelho nos provoca e nos ilumina: qual é a medida do nosso amor? Temos amado a Deus de todo o coração, de toda a alma e de toda a mente? E temos amado o próximo como a nós mesmos? O amor é o fundamento que sustenta toda a Igreja. Não é por acaso que Jesus diz que “toda a Lei e os Profetas” se resumem aqui. Isso significa que toda a Escritura, toda a tradição, toda a vida da comunidade cristã encontra sentido neste único caminho: amar.

Depois de escutarmos a palavra de Jesus, que nos recorda que toda a Lei e os Profetas se sustentam no amor, desejo agora olhar convosco para a vida da nossa Igreja aqui, neste espaço que chamamos Minecraft, mas que, para nós, tem sido verdadeiro território de evangelização, de encontro e de graça.

Nestes anos, vimos brotar algo que parecia improvável: no coração de um jogo, nas linhas digitais da internet, floresceu uma comunidade viva, apaixonada pelo Evangelho, animada pelo desejo de anunciar Cristo, de servir a Igreja, de amar e de se deixar amar por Deus. Quantas vezes ouvimos dizer que a internet afasta, divide, rouba tempo e vida. Mas nós experimentamos o contrário: a internet pode ser espaço de comunhão, e o Minecraft, com sua simplicidade e sua beleza, tornou-se um lugar de missão, onde blocos virtuais se transformaram em templos espirituais, se tornaram sinais de uma Igreja viva.

Quero aqui recordar o amor e a dedicação de tantos sacerdotes que, com zelo e paciência, doaram seu tempo a esta comunidade. Muitos deles começaram aqui sua caminhada, ouviram aqui o chamado de Cristo, amadureceram aqui sua vocação. A vocês, padres, digo: continuem a amar o rebanho que lhes foi confiado, cuidem dele com mansidão e coragem, não deixem que o cansaço roube a alegria da missão. Dirijo também uma palavra aos nossos bispos. Não sejais inativos, não sejais meros observadores da vida do povo de Deus. O bispo é pastor, não espectador; é pai, não apenas administrador. Sede vigilantes no cuidado com os sacerdotes, animai-os no caminho, sustentai-os nas dificuldades, e sobretudo, olhai com ternura para os leigos. Eles não são servos secundários, mas membros vivos do Corpo de Cristo, chamados a ser sal e luz no mundo.

Não posso deixar de recordar que, desde a fundação desta comunidade, houve momentos em que faltou cuidado, em que alguns se sentiram esquecidos, em que não houve olhar atento aos mais pequenos. Hoje, diante deste Evangelho que nos pede amor acima de tudo, eu vos convido a recobrar esse cuidado, a renovar esse olhar. Que ninguém aqui se sinta abandonado ou deixado de lado. A Igreja é casa para todos, e o amor deve ser o seu alicerce. Queridos irmãos e irmãs, se tudo o que fazemos não nasce do amor, se não for expressão de amor, perde o seu sentido. Por isso, este Evangelho é também o espelho da nossa comunidade: tudo o que construímos, tudo o que anunciamos, tudo o que celebramos deve estar enraizado neste duplo mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos.

Depois de refletirmos sobre o Evangelho e sobre o caminho da nossa comunidade, desejo agora abrir-vos o coração. Desejo falar não apenas como Pastor, mas como irmão, como alguém que caminhou convosco, que compartilhou alegrias e dores, esperanças e provações, sonhos e realizações. Desde o primeiro instante em que me foi confiada a missão do ministério petrino, no dia 31 de janeiro de 2025, assumi diante de Deus e de vó    s um lema: “Renovar todas as coisas em Cristo.”, como São Pio X, cuja memória celebraremos amanhã. Esta foi a bússola que guiou cada decisão, cada palavra, cada gesto. Não desejei outra coisa senão servir, amar e cuidar da Igreja que o Senhor me confiou, mesmo que fosse neste espaço tão singular, chamado Minecraft, que se tornou para nós terra santa, lugar de encontro, de oração e de missão.

Nestes meses de serviço, quantas maravilhas o Senhor realizou entre nós! Vimos florescer uma abundância de vocações, como se o Espírito Santo tivesse derramado sobre nós uma nova primavera. Tivemos a graça de termos mais de 140 padres, que hoje servem com alegria e fidelidade. Foram aprovadas mais de 380 ordenações, sinal de que o Senhor continua chamando e a comunidade continua respondendo com generosidade. Nomeamos 22 bispos, para que a Igreja tivesse pastores atentos e vigilantes. Criamos 3 cardeais, sinal de que esta Igreja em Minecraft é chamada a respirar com o sopro da Igreja universal. Erigimos 5 novas dioceses, como Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Nova York e Paris, para que o povo de Deus estivesse mais próximo de seus pastores. E hoje, somos uma comunidade de mais de 400 membros, cada um trazendo sua vida, sua fé, sua história, construindo juntos esta obra de Deus. 

Tudo isso não foi fruto apenas de planejamento ou esforço humano. Foi, sobretudo, obra da graça. Foi o amor de Deus que nos sustentou. Foi o Espírito Santo que moveu corações. Foi a fé de cada um de vós que fez brotar frutos abundantes. E eu vos digo, irmãos: tudo isso foi feito por amor. Amor a Cristo, amor à Igreja, amor a cada um de vós. Porque, como nos recorda o Evangelho de hoje, toda a Lei e os Profetas se resumem no amor. Se caminhamos tanto, se avançamos tanto, foi porque decidimos amar. Mas o amor verdadeiro também conhece a dor. O amor verdadeiro não se fecha em si mesmo, mas se oferece, se entrega, se sacrifica. O amor verdadeiro sabe quando é hora de avançar e também quando é hora de deixar ir.

Hoje, diante de vós, sinto no coração o peso e a beleza dessa missão cumprida. Foram meses intensos, de grandes responsabilidades, de noites de oração, de lágrimas derramadas por vós, de sorrisos compartilhados, de esperanças renovadas. A cada passo, experimentei a fidelidade de Deus. A cada desafio, encontrei apoio no vosso carinho, na vossa fé, no vosso testemunho. Meus amados filhos, digo-vos com toda a sinceridade: esta Igreja cresceu, amadureceu, floresceu. Vocês aprenderam a amar mais profundamente o Evangelho, a cuidar uns dos outros, a ser Igreja de verdade. E esse é o maior presente que eu poderia receber. Hoje, porém, o Espírito me pede outro gesto de amor. Não um gesto fácil, não um gesto leve, mas um gesto necessário.

Hoje compreendo, à luz da oração e do discernimento, que o Senhor me pede para oferecer à Igreja não apenas o meu serviço, mas também a minha renúncia. Peço-vos que escuteis estas palavras não como sinal de fraqueza, mas como sinal de confiança. Não como abandono, mas como entrega. Não como ruptura, mas como ato de amor.

Assim como o Apóstolo Paulo, que um dia disse: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”, também eu, diante de vós, reconheço que dei tudo o que podia dar. Ofereci minhas forças, minhas palavras, minhas lágrimas e meu sorriso. Dei o que tinha e o que era, não para mim mesmo, mas para Cristo e para vós.

Agora, com humildade e serenidade, reconheço que já cumpri aquilo que me foi confiado. Os cardeais que me elegeram desejaram uma renovação; esta renovação foi iniciada, cuidada e amadurecida. A comunidade hoje caminha com firmeza, e o Espírito sopra com liberdade entre vós.

Por isso, irmãos e irmãs, anuncio diante desta assembleia que, a partir de hoje, renuncio ao ministério petrino que me foi confiado. Faço-o seguindo o exemplo de Bento XVI, que, com coragem e fé, nos ensinou que também a renúncia pode ser um ato de amor profundo pela Igreja.

Não é fácil, meus filhos. Dói-me o coração. Dói-me deixar-vos. Dói-me saber que não estarei mais à frente desta barca que naveguei com tanto carinho. Mas maior que a dor é a certeza: a Igreja não me pertence. A Igreja pertence a Cristo. Foi Ele quem a fundou, foi Ele quem a sustentou, é Ele quem continuará a conduzi-la. A vós, deixo um testamento de amor: permanecei firmes na fé, enraizados no Evangelho, unidos no amor. Cuidai uns dos outros. Bispos, amai e sustentai vossos sacerdotes. Sacerdotes, cuidai com ternura do rebanho que vos foi confiado. Leigos, sede presença viva no mundo, testemunhas de esperança. Amai como eu vos amei. Tudo o que foi feito, foi feito pela maior honra e glória da Santa Igreja. Tudo o que foi edificado, foi edificado em Cristo e para Cristo. E se hoje vos entrego este gesto final, é porque confio que o mesmo Senhor que me chamou a servir, hoje me chama a descansar e a confiar.

Continuarei a rezar por vós, a acompanhar-vos de coração, a interceder por esta comunidade que tanto amo. Não vos deixarei sozinhos. Estarei convosco de outro modo, silencioso, oculto, mas profundamente unido no amor e na oração. Meus irmãos, recebei este gesto não com tristeza, mas com fé. Porque se a missão de um pastor termina, a missão de Cristo nunca termina. Ele é o Senhor, Ele é o Esposo, Ele é o Pastor eterno. E a Igreja, esta amada Igreja em Minecraft, continuará a florescer, porque está enraizada no amor d’Ele.

E agora, com voz comovida mas firme, vos digo: obrigado. Obrigado pelo amor que me destes. Obrigado pela paciência com as minhas limitações. Obrigado por me permitirdes ser vosso pastor. Obrigado por tudo o que construímos juntos.

Tudo foi, é e será por amor.

E hoje, meus irmãos, anuncio que o meu pontificado encontrará seu término no dia 26 de agosto de 2025, às 21h, na Basílica Vaticana, onde celebrarei uma ação de graças pelo ministério que me foi confiado. Neste momento solene, o Anel do Pescador será quebrado, sinal do encerramento do meu serviço como Sucessor de Pedro e da entrega definitiva do ministério de Cristo à Igreja que tanto amo.

Que este gesto, embora carregado de dor, seja também sinal de confiança, de esperança e de amor: confiança na continuidade da missão, esperança no cuidado de Deus por sua Igreja e amor por todos vós, que tornastes estes anos de serviço tão frutíferos e cheios de graça.

Roma, 20 de Agosto de 2025. 
Ano Jubilar da Esperança e dos 5 anos da comunidade em Minecraft. 
Primeiro de nosso pontificado.

 Gregorivs Pp. V
Pontifex Maximvs

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