Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Aproxima-se o dia da Páscoa, e a Igreja, como mãe atenta às necessidades de seus filhos, nos concede um respiro de alegria neste santo caminho da Quaresma. Hoje é o Domingo Laetare, dia em que a Liturgia nos exorta: "Alegra-te, Jerusalém! Exultai e rejubilai, vós que estais tristes" (cf. Is 66,10). Não é uma alegria passageira ou superficial, mas a alegria de quem já começa a ver despontar, no horizonte da Cruz, o brilho da Ressurreição.
O Evangelho que hoje nos é oferecido é um dos tesouros mais sublimes das Escrituras: a Parábola do Pai Misericordioso. Esta narrativa não fala apenas de um jovem rebelde que desperdiçou sua herança, mas revela o drama mais profundo da alma humana: a busca insaciável por uma liberdade sem Deus e a dolorosa consciência do vazio que isso gera.
Quem de nós, em algum momento, não foi este filho? Quem não se afastou do coração do Pai, iludido pelas promessas de um mundo que oferece ouro e entrega cinzas? O filho mais jovem pede sua parte da herança e parte para longe. Mas o que acontece quando se distancia do Pai? Ele se perde, gasta tudo, e logo se vê reduzido à miséria, faminto, desejando até a comida dos porcos. Este é o retrato da alma que se afasta de Deus: deseja ser livre, mas se torna escrava; sonha ser senhor de si mesma, mas se vê despida até de sua dignidade.
E, no entanto, um pensamento o salva: "Levantar-me-ei e irei ao encontro de meu pai" (Lc 15,18). Eis o mistério da graça! Quando o coração humano toca o fundo de sua miséria, é então que Deus planta nele o desejo de voltar. Mas como será recebido? Será repreendido? Encontrará portas fechadas? Não! O Pai já está na estrada, esperando, e quando o vê ao longe, corre ao seu encontro. Aqui, irmãos, está algo divino! Deus não espera sentado, Ele vem até nós! Ele não exige explicações ou provas de arrependimento, mas abraça e cobre de beijos aquele que estava morto e reviveu.
Eis o coração do nosso Deus: não é um juiz frio e distante, mas um Pai que corre para nos abraçar! Não há pecado que Ele não possa perdoar, não há caminho de exílio que não possa ser revertido, não há indignidade que O impeça de nos chamar de filhos novamente. O anel no dedo, a túnica nova, as sandálias nos pés — tudo nos é restituído!
Mas há um terceiro personagem na história: o irmão mais velho. Ele representa aqueles que permanecem na casa do Pai, mas com um coração endurecido. Talvez conheçam as leis, mas não o amor; obedecem aos mandamentos, mas não experimentam a ternura. Ele se irrita ao ver a festa para seu irmão, e então o Pai, uma vez mais, sai ao encontro — porque Deus vai ao encontro de todos!
Neste dia, desejo dirigir-me especialmente a vós, queridos sacerdotes. Vosso ministério é ser este abraço do Pai, esta ponte segura para que os filhos retornem. Vossa missão é erguer os caídos, restaurar os feridos, acender novamente a luz nos olhos de quem já não espera. Alegrai-vos neste dia, pois vos foi confiada uma obra sublime! Mas tomai cuidado para não cair na atitude do irmão mais velho. Não sejais guardiões de um templo vazio, mas pastores que acolhem, perdoam e trazem de volta os que se perderam.
A Igreja vos pede, sacerdotes, que não tenhais medo de trabalhar na messe. Não escondais os dons que Deus vos deu, não sejais omissos diante do mal, não vos silencieis quando precisais falar. Se quereis verdadeiramente alegrar-vos neste Domingo Laetare, então que vossa alegria seja ver muitos filhos retornando à Casa do Pai!
Que a Virgem Maria, Mãe da Misericórdia, nos ajude a compreender que nunca é tarde para voltar, que o Pai sempre nos espera e que sua alegria não está em nos condenar, mas em nos ressuscitar para a vida verdadeira.