Amados irmãos e irmãs, bom dia!
No caminho quaresmal que percorremos, a liturgia de hoje nos apresenta um chamado à conversão verdadeira, àquela que não se contenta com aparências, mas toca o coração e transforma a vida. O Evangelho nos coloca diante das palavras de Jesus sobre a urgência da conversão, utilizando a parábola da figueira estéril (cf. Lc 13,1-9).
A figueira, plantada e cuidada com esperança, não produzia frutos. O dono da vinha queria cortá-la, mas o vinhateiro intercedeu, pedindo mais tempo para cuidar dela, adubá-la, dar-lhe nova oportunidade de vida. Que imagem forte da paciência de Deus! Ele não se apressa em punir, mas espera, oferece chances, cultiva, acredita que podemos dar frutos. Mas Ele também espera uma resposta! Não podemos adiar para sempre a nossa conversão, nem viver na ilusão de que o tempo é infinito.
Esta parábola fala a cada um de nós. Mas hoje quero dirigi-la especialmente aos sacerdotes, aos ministros do Evangelho, aos chamados a servir o povo de Deus.
Caríssimos irmãos no sacerdócio, a Igreja precisa de pastores dedicados, que não tenham medo do trabalho, que mergulhem com coragem na missão, oferecendo os dons que receberam para o bem do rebanho. Deus nos deu talentos para que sejam colocados a serviço, não escondidos! Como a figueira, somos chamados a dar frutos. A comunidade precisa do nosso testemunho, da nossa palavra, da nossa presença.
E aqui deixo um alerta: não sejamos coniventes com o mal! O sacerdote não pode fechar os olhos diante das realidades que precisam de transformação. Não podemos nos calar diante das injustiças, nem pactuar com aqueles que, sob aparência de bem, trabalham contra a comunidade e contra a verdade. O ministério sacerdotal exige coragem, discernimento e fidelidade a Cristo, que nos chamou para servir, não para buscar interesses pessoais.
Por isso, neste dia, peçamos a graça de sermos sacerdotes segundo o Coração de Jesus, pastores que cuidam, que protegem, que edificam o Povo de Deus. A conversão que o Senhor nos pede não é apenas dos fiéis, mas de cada um de nós, para que estejamos cada vez mais abertos à ação do Espírito Santo e possamos ser verdadeiros instrumentos de unidade e santificação.
Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja e modelo de serviço humilde e fiel, nos ensine a oferecer ao Senhor o melhor dos nossos dons e a trabalhar sem medo pelo bem do Seu Reino.