PROT N.º 002/2025 - Instrução Pastoral para a Comemoração de todos os Fiéis Defuntos

 

DICASTERIUM DE CULTU DIVINO ET DISCIPLINA SACRAMENTORUM

PROT N.º 002/2025 -  INSTRUÇÃO PASTORAL PARA A COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS

DOM ÍTALO SILVA
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLOICA
TITULI DI AQUAE IN NUMIDIA
BISPO DIOCESANO DA DIOCESE DE LEIRIA-FÁTIMA
PREFEITO DO DICASTÉRIO PARA EVANGELIZAÇÃO
PREFEITO DO DICASTÉRIO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS

ANO JUBILAR DE 2025
"A ESPERANÇA QUE RENOVA" 

Aos diletos filhos espalhados por toda a Igreja universal e a todo o Povo de Deus que recebem essa Instrução pastoral, saúde e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja, e de todos os Santos Apóstolos.

“In commemoratione omnium fidelium defunctorum”

“Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em Mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11,25).

Inspirado pela fé na Ressurreição e movido pela esperança cristã que brota da Cruz e da Páscoa do Senhor, o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em cumprimento de sua missão de orientar e promover a reta celebração da Liturgia, publica as seguintes Orientações Pastorais para a celebração do Dia de Todos os Fiéis Defuntos, a ser observado em 2 de novembro e, onde pastoralmente indicado, estendido às celebrações dominicais adjacentes.

I – Sentido Litúrgico e Teológico

I. A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos é profundamente enraizada na tradição da Igreja. Desde os primeiros séculos, os cristãos rezam pelos mortos, oferecendo-lhes sufrágios e a Santa Eucaristia, em conformidade com a fé na comunhão dos santos e na esperança da vida eterna (cf. 2Mc 12,43-46; Catecismo da Igreja Católica, n. 1032).

II. A liturgia deste dia manifesta o duplo mistério da misericórdia divina e da esperança escatológica. Não se trata de um culto fúnebre, mas de um memorial pascal, em que se proclama Cristo Ressuscitado como vitória sobre a morte.

III. Recomenda-se que os fiéis sejam instruídos sobre o sentido desta celebração, evitando expressões meramente culturais ou supersticiosas, e favorecendo a vivência litúrgica e sacramental do mistério cristão da morte e da vida eterna.

II – Normas Litúrgicas Gerais

Art. 1º – Data e Hierarquia Litúrgica

A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos é de III classe (celebração própria), e não se omite por solenidade; caso coincida com o domingo, mantém-se a prioridade da celebração dominical, podendo-se celebrar missas pelos fiéis defuntos em horários adequados, conforme as rubricas do Missal Romano (cf. IGMR, n. 380).

Art. 2º – Cor Litúrgica

A cor litúrgica para esta comemoração é:

Preta, como sinal de luto e súplica (uso tradicional e permitido, especialmente em celebrações solenes ou conventuais);

Roxa, como expressão de penitência e esperança;

É vedado o uso de cores fora destas indicações.

Art. 3º – Paramentos e Ornamentação

Os paramentos devem expressar sobriedade e dignidade, evitando-se qualquer luxo excessivo ou aparência festiva.

O altar pode ser adornado com moderação; flores e velas devem seguir o espírito de oração e recolhimento.

O uso de velas negras é proibido.

Fotografias, objetos pessoais ou memoriais profanos não devem ser colocados sobre o altar ou no presbitério.

Recomenda-se, onde for costume, o Livro dos Fiéis Defuntos próximo ao altar ou à Cruz, para oração e memória.

III – Celebração Eucarística e Ritos Próprios

Art. 4º – Missas pelos Fiéis Defuntos

De acordo com o privilégio concedido por Bento XV (1915), cada sacerdote pode celebrar três Missas no dia 2 de novembro:

I. Uma pela intenção de todos os fiéis defuntos;

II. Uma por intenção particular;

III. Uma segundo as intenções do Santo Padre.

Cada celebração deve observar as rubricas próprias do Missal Romano, com orações específicas para este dia.

Art. 5º – Leituras e Cânticos

As leituras devem ser escolhidas entre as indicadas para a Comemoração dos Fiéis Defuntos (cf. Lecionário, vol. IV).

Recomenda-se que o Evangelho de João 11,17-27 ou João 6,37-40 seja proclamado nas celebrações principais.

Os cânticos devem ressaltar o tema da esperança cristã, evitando-se melodias tristes ou de caráter puramente fúnebre.

Hinos como “Lux Aeterna”, “In Paradisum”, “Eu Sou a Ressurreição e a Vida”, ou “Nas Tuas Mãos, Senhor” são apropriados.

IV – Celebrações Exéquias e Sufrágios

Art. 6º – Exéquias e Bençãos no Cemitério

Onde for possível, recomenda-se a Procissão ao Cemitério com rito de bênção e orações pelos defuntos (cf. Ritual das Exéquias, cap. II).

O sacerdote ou diácono pode abençoar os túmulos, utilizando as fórmulas do Bênção das Sepulturas do Ritual Romano.

O uso de incenso e água benta é recomendável, como sinais da dignificação do corpo e da esperança na ressurreição.

Art. 7º – Devoções Populares

São louváveis as visitas aos cemitérios e a recitação do Terço pelos Defuntos, desde que conduzidas com espírito de fé e oração.

Evitem-se práticas supersticiosas, encenações dramáticas ou elementos profanos que deturpem o sentido cristão da morte.

V – Disposições Canônicas e Pastorais

Art. 8º – Indulgências

Conforme o Enchiridion Indulgentiarum (normas 29–33), os fiéis que visitarem piedosamente um cemitério e rezarem pelos defuntos, entre 1º e 8 de novembro, podem lucrar indulgência plenária, aplicável somente às almas do purgatório, nas condições habituais (confissão, comunhão e oração nas intenções do Papa).

Art. 9º – Celebrações Particulares

É vedada a celebração de exéquias privadas ou exclusivas em detrimento da celebração comunitária do Dia dos Fiéis Defuntos.

Missas “temáticas”, apresentações teatrais ou dramatizações dentro da liturgia são proibidas.

O presbitério deve conservar o decoro litúrgico; não se admitem velórios, exposições fotográficas ou músicas profanas.

Art. 10º – Pastoral da Esperança

Os ministros ordenados e os agentes de pastoral devem aproveitar esta ocasião para catequizar sobre o destino eterno do homem, a realidade do purgatório e a comunhão dos santos.

Recomenda-se a celebração penitencial comunitária nos dias que antecedem o 2 de novembro.

As homilias devem ser centradas em Cristo Ressuscitado, evitando sentimentalismos ou exaltações humanas dos falecidos.

VI – Conclusão Espiritual

Este dia, iluminado pela esperança da Páscoa, é um tempo de intercessão e de comunhão, em que a Igreja militante se une à Igreja padecente e triunfante, oferecendo ao Pai o sacrifício do Cordeiro pela salvação de todos.

Confiamos estas orientações à proteção da Santíssima Virgem Maria, Rainha dos Céus e Consoladora dos Aflitos, para que Ela acolha sob seu manto materno todas as almas que esperam a plena visão de Deus.

Sem mais me despeço-me

Dado e passado em Roma, na Sede do Dicastério para Evangelização sob o pontificado de Piv Pp. IV, ao vigésimo sétimo dia do mês de Outubro do ano Santo Jubilar de dois mil e vinte e cinco.

In corde Christi,

 Ítalo Silva 
Tituli di Aquae in Numidia
Prefeito

 José Leandro
Tituli di Scalensis
Pro-Prefeito
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