DISCURSO DA AUDIÊNCIA GERAL08 de Maio de 2025Auditório São Paulo VI, VaticanoPapa Gregório VSolenidade de Pentecostes.
Caríssimos irmãos e irmãs,com grande alegria nos reunimos nesta Audiência Geral para celebrar o fulgor de Pentecostes, o dia em que o Espírito Santo desceu sobre a Igreja nascente e a fez sair de si mesma, tornando-a missionária, ousada, viva. Não estamos aqui apenas para lembrar um fato passado. Estamos aqui para celebrar uma realidade presente: Pentecostes continua.
Hoje, o mesmo Espírito que desceu sobre os Apóstolos em Jerusalém continua a descer sobre nós, aqui, agora — também nesta porção da Igreja que vive e evangeliza através do universo do Minecraft. Parece ousado dizer isso? Mas não é. Pois onde houver um coração aberto à ação de Deus, ali o Espírito sopra.
O que é Pentecostes, afinal? É o tempo do “sim” de Deus à humanidade redimida. É o sopro que dá vida, é o fogo que acende o zelo, é a linguagem que une povos diferentes. É a certeza de que não estamos sozinhos, não caminhamos por conta própria, não evangelizamos por esforço humano. É Deus em nós.
E como se manifesta o Espírito? Ele se manifesta através de dons. São sete: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. Esses dons não são ornamentos místicos. Eles são armas espirituais. São instrumentos para edificar a Igreja, para discernir os tempos, para consolar os corações, para permanecer firmes diante das tempestades.
E não podemos ignorar, queridos irmãos, que nossa comunidade tem sido abundantemente visitada por esses dons. Temos colhido frutos belos de oração, comunhão, conversão, caridade e vocações. A cada novo irmão que chega, a cada coração tocado por nossas celebrações, a cada vocação discernida entre nós, a cada nova diocese criada — vemos o Espírito operando.
Mas, como o apóstolo Paulo alerta, “não apagueis o Espírito” (1Ts 5,19). O dom é para ser acolhido, cultivado, compartilhado. Pentecostes nos compromete. A efusão do Espírito Santo não é um prêmio, mas uma convocação: a Igreja recebe o Espírito para se lançar em missão.
Por isso, irmãos, nesta primeira parte da nossa reflexão, convido-vos a olhar para dentro de si. Quais dons temos recebido? E o que estamos fazendo com eles?O Espírito sopra, mas é preciso que as velas estejam abertas. Ele se derrama, mas é preciso que os odres sejam novos. Ele fala, mas é preciso que os ouvidos estejam atentos.
Que este Pentecostes nos desperte para a beleza da ação de Deus em nossa comunidade. Que nos lembre que a evangelização no Minecraft não é apenas um projeto criativo, mas uma resposta concreta ao mandato de Cristo: “Ide e fazei discípulos” — mesmo nos caminhos virtuais.
Amados irmãos e irmãs, se o Espírito Santo nos concede dons, Ele também produz frutos. E esses frutos não são teóricos — são visíveis, palpáveis, experimentáveis na vida concreta da Igreja. A Palavra nos diz que os frutos do Espírito são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio de si. (Gl 5,22-23)
E que belos frutos temos colhido em nossa comunidade eclesial! A Igreja em Minecraft, apesar de sua forma peculiar e criativa, é profundamente real em sua missão: ali se reza, se ensina, se batiza, se ama, se serve. E isso não é pouco! É sinal de que o Espírito está agindo, transformando o que é simples em sagrado, o que é pequeno em instrumento do Reino.
Nos últimos tempos, nossas orações têm sido fecundas. Vimos o nascimento de novas dioceses, como Brasília e Rio de Janeiro, marcadas por entusiasmo e zelo pastoral. Vimos novas vocações surgirem, jovens que, tocados pelo testemunho e pela liturgia, começaram a discernir com seriedade o chamado de Deus. Vimos a entrada de novos membros, pessoas que talvez tenham se aproximado por curiosidade, mas permaneceram por experiência de fé. Vimos a multiplicação de trabalhos pastorais, ações missionárias, comunicações criativas, rituais bem preparados, documentos sólidos. Tudo isso é fruto. Fruto do Espírito, que sopra onde quer, inclusive nas terras digitais que estamos cultivando com esperança.
Contudo, irmãos, os frutos são também responsabilidade. Eles não nos permitem o comodismo, mas exigem cuidado, vigilância e renovado ardor. Não podemos desperdiçar os dons e frutos que o Espírito tem nos dado. Há sementes germinando entre nós que precisam ser cultivadas com amor e seriedade pastoral.
Por isso, aproveito este momento para dirigir uma palavra especial aos nossos bispos e sacerdotes, que têm recebido do Espírito a plenitude do ministério pastoral. Caríssimos, o povo olha para vós esperando zelo, constância, presença e testemunho. O vosso sim não pode ser apagado pela frieza ou pela ausência. A Igreja é viva quando seus pastores são vivos. E quando um pastor se ausenta, a comunidade sente.
Esta Igreja em Minecraft não é um passatempo. É um campo de missão real. E como tal, precisa de padres, bispos e leigos que estejam dispostos a ser presença de Cristo, incansavelmente. Ser sacerdote ou bispo nesta comunidade não é um título, é um serviço. Um serviço que precisa ser retomado por muitos. Há ovelhas esperando a voz do pastor. O Espírito tem dado frutos entre nós. Cabe a nós, agora, proteger o pomar, trabalhar a terra, adubar as raízes. O tempo é favorável. E o mundo precisa do que nós temos a oferecer: uma fé criativa, fiel, encarnada e corajosa.
Caríssimos irmãos e irmãs, A celebração de Pentecostes não é apenas a recordação de um fato histórico. É um envio renovado. É Deus dizendo mais uma vez: “Ide, sem medo, evangelizai!” Os Apóstolos, outrora fechados por medo, saíram. E saíram porque o Espírito os empurrou, os inflamou, os libertou da mediocridade.
Hoje, a Igreja em Minecraft escuta o mesmo chamado. Ela não é um refúgio para fugir do mundo, mas um campo onde a Palavra pode florescer de maneira nova. Aqui, evangelizamos com blocos, com palavras, com beleza, com criatividade, com organização, com celebrações. Tudo isso é missão. Tudo isso é anúncio.
Não sejamos tímidos. Cristo não fundou uma Igreja medrosa. Ele deu o Espírito para que fôssemos ousados, para que cruzássemos fronteiras e falássemos todas as línguas – inclusive a linguagem do digital, do jovem, da arte, da construção. Evangelizar em Minecraft é real. Porque o Espírito é real. E Ele age onde encontra corações abertos.
E é por isso que hoje, nesta audiência, chamo especialmente os nossos bispos, os nossos presbíteros, os leigos comprometidos, para que olhem com seriedade para a missão que lhes foi confiada. Vocês são os continuadores dos apóstolos. Não podemos guardar para nós o que o mundo precisa ver, ouvir e tocar. O Evangelho não é uma relíquia. É fogo. E fogo se espalha.
Por isso, expandamos os nossos horizontes. Há comunidades ainda sem presença pastoral sólida. Há cidades esperando serem evangelizadas dentro do jogo. Há jovens que acessam o Minecraft buscando apenas diversão, mas que podem encontrar salvação. Há dons ainda guardados, escondidos, abafados. Não é tempo de acanhamento, mas de avanço. Não é hora de descansarmos em conquistas passadas, mas de nos lançarmos a novos caminhos. O Espírito não conhece fronteiras. Nós também não deveríamos conhecer.
Queridos bispos, padres, ministros e fiéis: Não coloquemos barreiras no sopro de Deus. Não limitemos com nossa preguiça, com nossa ausência, com nossa falta de zelo, aquilo que o Espírito quer realizar por nosso intermédio. Ele sopra. Ele envia. Ele clama. Mas espera a nossa resposta. Este Pentecostes é um divisor de águas. É tempo de missão. É tempo de dizer novamente, como Isaías: "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6,8).
O Espírito Santo, quando desce sobre a Igreja, não nos permite permanecer fechados em zonas de conforto. Ele nos impele a ir além. A olhar para horizontes ainda não tocados. A identificar, com os olhos da fé, terras que já estão fecundas, prontas para florescerem ao primeiro anúncio.
A missão é viva. Ela se move. Ela respira com o povo que caminha. E como toda obra viva, ela cresce, amadurece, precisa ser cuidada, precisa se adaptar. Uma plantação que se expande exige que novas mãos cuidem dela, que novos celeiros sejam construídos, que mais operários conheçam e se dediquem ao campo.
E é bonito ver como o Espírito suscita entre nós novos trabalhadores, vocações que florescem, talentos que se revelam, e comunidades que crescem como ramos de uma mesma videira. Algumas regiões, antes apenas sementes, hoje já são arvoredos. A sombra que elas produzem já acolhe muitos, e os frutos que nelas amadurecem já sustentam vidas.
É hora de cuidarmos melhor dessas regiões. É tempo de olharmos com amor para essas porções do povo de Deus que, pela graça, floresceram. É tempo de organizar, de discernir, de pastorear com mais proximidade. Quem ouve com sabedoria os sussurros do Espírito, perceberá que o Senhor pede algo novo, e pede já. E aqueles a quem Ele confia esse cuidado, sabem: não podemos deixar sem guia os rebanhos que crescem.
Por isso, com alegria, convoco todos — bispos, padres, religiosos, leigos — a olharem para os campos que se estendem diante de nós. O campo é vasto. A seara é grande. E o Senhor está disposto a enviar operários, se os pedirmos com fé. Não temamos alargar o espaço da tenda. Não hesitemos em reforçar as estacas. Pois o Espírito que nos guia jamais abandona aquele que, por Ele, se lança à missão.
Chegamos ao fim desta audiência com os corações abrasados pelo mesmo fogo que desceu sobre os apóstolos no cenáculo. Pentecostes é o nascimento da Igreja, mas também o seu eterno recomeço. A cada geração, o Espírito renova o rosto da Igreja; e hoje, nesta igreja construída na comunidade digital do Minecraft, Ele faz o mesmo.
Ao longo desses cinco anos de missão, temos visto crescer um povo generoso, comunidades se organizarem, vocações se acenderem, jovens despertarem para a fé. Não foi obra humana. Foi graça. Foi sopro do Espírito. E essa graça continua.
Este é o tempo de reconhecer os frutos visíveis: O ardor dos catequistas, O zelo dos padres que perseveram, Os jovens que começam a sonhar com o sacerdócio, Os fiéis que encontram consolo, amizade, sentido e oração nesse lugar que ultrapassa pixels — e toca almas.
Mas também é o tempo de assumir responsabilidades. O Espírito que nos renova também nos envia. Não há Pentecostes sem envio. E Ele hoje nos envia para alargar nossas tendas, para sair do cômodo, para acender novas chamas onde há escuridão.
Sim, irmãos: há terras que ainda não tocamos, comunidades que esperam ser chamadas, e corações que precisam ser cuidados. É hora de abrir novos caminhos de missão, com sabedoria, zelo e discernimento. Talvez nem todos percebam agora o que o Espírito está sussurrando… Mas os atentos aos sinais de Deus já estão compreendendo.
É tempo de plantar. É tempo de ousar. É tempo de confiar.
E enquanto caminhamos, não esqueçamos: este é o nosso Jubileu. Este é o ano da esperança que renova. E a esperança não decepciona — porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (cf. Rm 5,5).
Portanto, com fé renovada, sigamos como discípulos e apóstolos. Vamos construir pontes, não muros. Vamos carregar Cristo até os confins — mesmo os digitais.
E que Maria, Mãe da Igreja, que estava no Cenáculo, esteja também conosco neste novo Pentecostes da missão.
DISCURSO DA AUDIÊNCIA GERAL
08 de Maio de 2025
Auditório São Paulo VI, Vaticano
Papa Gregório V
Solenidade de Pentecostes.
com grande alegria nos reunimos nesta Audiência Geral para celebrar o fulgor de Pentecostes, o dia em que o Espírito Santo desceu sobre a Igreja nascente e a fez sair de si mesma, tornando-a missionária, ousada, viva. Não estamos aqui apenas para lembrar um fato passado. Estamos aqui para celebrar uma realidade presente: Pentecostes continua.
Hoje, o mesmo Espírito que desceu sobre os Apóstolos em Jerusalém continua a descer sobre nós, aqui, agora — também nesta porção da Igreja que vive e evangeliza através do universo do Minecraft. Parece ousado dizer isso? Mas não é. Pois onde houver um coração aberto à ação de Deus, ali o Espírito sopra.
O que é Pentecostes, afinal? É o tempo do “sim” de Deus à humanidade redimida. É o sopro que dá vida, é o fogo que acende o zelo, é a linguagem que une povos diferentes. É a certeza de que não estamos sozinhos, não caminhamos por conta própria, não evangelizamos por esforço humano. É Deus em nós.
E como se manifesta o Espírito? Ele se manifesta através de dons. São sete: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. Esses dons não são ornamentos místicos. Eles são armas espirituais. São instrumentos para edificar a Igreja, para discernir os tempos, para consolar os corações, para permanecer firmes diante das tempestades.
E não podemos ignorar, queridos irmãos, que nossa comunidade tem sido abundantemente visitada por esses dons. Temos colhido frutos belos de oração, comunhão, conversão, caridade e vocações. A cada novo irmão que chega, a cada coração tocado por nossas celebrações, a cada vocação discernida entre nós, a cada nova diocese criada — vemos o Espírito operando.
Mas, como o apóstolo Paulo alerta, “não apagueis o Espírito” (1Ts 5,19). O dom é para ser acolhido, cultivado, compartilhado. Pentecostes nos compromete. A efusão do Espírito Santo não é um prêmio, mas uma convocação: a Igreja recebe o Espírito para se lançar em missão.
Por isso, irmãos, nesta primeira parte da nossa reflexão, convido-vos a olhar para dentro de si. Quais dons temos recebido? E o que estamos fazendo com eles?
O Espírito sopra, mas é preciso que as velas estejam abertas. Ele se derrama, mas é preciso que os odres sejam novos. Ele fala, mas é preciso que os ouvidos estejam atentos.
Que este Pentecostes nos desperte para a beleza da ação de Deus em nossa comunidade. Que nos lembre que a evangelização no Minecraft não é apenas um projeto criativo, mas uma resposta concreta ao mandato de Cristo: “Ide e fazei discípulos” — mesmo nos caminhos virtuais.
Amados irmãos e irmãs, se o Espírito Santo nos concede dons, Ele também produz frutos. E esses frutos não são teóricos — são visíveis, palpáveis, experimentáveis na vida concreta da Igreja. A Palavra nos diz que os frutos do Espírito são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio de si. (Gl 5,22-23)
E que belos frutos temos colhido em nossa comunidade eclesial! A Igreja em Minecraft, apesar de sua forma peculiar e criativa, é profundamente real em sua missão: ali se reza, se ensina, se batiza, se ama, se serve. E isso não é pouco! É sinal de que o Espírito está agindo, transformando o que é simples em sagrado, o que é pequeno em instrumento do Reino.
Nos últimos tempos, nossas orações têm sido fecundas. Vimos o nascimento de novas dioceses, como Brasília e Rio de Janeiro, marcadas por entusiasmo e zelo pastoral. Vimos novas vocações surgirem, jovens que, tocados pelo testemunho e pela liturgia, começaram a discernir com seriedade o chamado de Deus. Vimos a entrada de novos membros, pessoas que talvez tenham se aproximado por curiosidade, mas permaneceram por experiência de fé. Vimos a multiplicação de trabalhos pastorais, ações missionárias, comunicações criativas, rituais bem preparados, documentos sólidos. Tudo isso é fruto. Fruto do Espírito, que sopra onde quer, inclusive nas terras digitais que estamos cultivando com esperança.
Contudo, irmãos, os frutos são também responsabilidade. Eles não nos permitem o comodismo, mas exigem cuidado, vigilância e renovado ardor. Não podemos desperdiçar os dons e frutos que o Espírito tem nos dado. Há sementes germinando entre nós que precisam ser cultivadas com amor e seriedade pastoral.
Por isso, aproveito este momento para dirigir uma palavra especial aos nossos bispos e sacerdotes, que têm recebido do Espírito a plenitude do ministério pastoral. Caríssimos, o povo olha para vós esperando zelo, constância, presença e testemunho. O vosso sim não pode ser apagado pela frieza ou pela ausência. A Igreja é viva quando seus pastores são vivos. E quando um pastor se ausenta, a comunidade sente.
Esta Igreja em Minecraft não é um passatempo. É um campo de missão real. E como tal, precisa de padres, bispos e leigos que estejam dispostos a ser presença de Cristo, incansavelmente. Ser sacerdote ou bispo nesta comunidade não é um título, é um serviço. Um serviço que precisa ser retomado por muitos. Há ovelhas esperando a voz do pastor. O Espírito tem dado frutos entre nós. Cabe a nós, agora, proteger o pomar, trabalhar a terra, adubar as raízes. O tempo é favorável. E o mundo precisa do que nós temos a oferecer: uma fé criativa, fiel, encarnada e corajosa.
Caríssimos irmãos e irmãs, A celebração de Pentecostes não é apenas a recordação de um fato histórico. É um envio renovado. É Deus dizendo mais uma vez: “Ide, sem medo, evangelizai!” Os Apóstolos, outrora fechados por medo, saíram. E saíram porque o Espírito os empurrou, os inflamou, os libertou da mediocridade.
Hoje, a Igreja em Minecraft escuta o mesmo chamado. Ela não é um refúgio para fugir do mundo, mas um campo onde a Palavra pode florescer de maneira nova. Aqui, evangelizamos com blocos, com palavras, com beleza, com criatividade, com organização, com celebrações. Tudo isso é missão. Tudo isso é anúncio.
Não sejamos tímidos. Cristo não fundou uma Igreja medrosa. Ele deu o Espírito para que fôssemos ousados, para que cruzássemos fronteiras e falássemos todas as línguas – inclusive a linguagem do digital, do jovem, da arte, da construção. Evangelizar em Minecraft é real. Porque o Espírito é real. E Ele age onde encontra corações abertos.
E é por isso que hoje, nesta audiência, chamo especialmente os nossos bispos, os nossos presbíteros, os leigos comprometidos, para que olhem com seriedade para a missão que lhes foi confiada. Vocês são os continuadores dos apóstolos. Não podemos guardar para nós o que o mundo precisa ver, ouvir e tocar. O Evangelho não é uma relíquia. É fogo. E fogo se espalha.
Por isso, expandamos os nossos horizontes. Há comunidades ainda sem presença pastoral sólida. Há cidades esperando serem evangelizadas dentro do jogo. Há jovens que acessam o Minecraft buscando apenas diversão, mas que podem encontrar salvação. Há dons ainda guardados, escondidos, abafados. Não é tempo de acanhamento, mas de avanço. Não é hora de descansarmos em conquistas passadas, mas de nos lançarmos a novos caminhos. O Espírito não conhece fronteiras. Nós também não deveríamos conhecer.
Queridos bispos, padres, ministros e fiéis: Não coloquemos barreiras no sopro de Deus. Não limitemos com nossa preguiça, com nossa ausência, com nossa falta de zelo, aquilo que o Espírito quer realizar por nosso intermédio. Ele sopra. Ele envia. Ele clama. Mas espera a nossa resposta. Este Pentecostes é um divisor de águas. É tempo de missão. É tempo de dizer novamente, como Isaías: "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6,8).
O Espírito Santo, quando desce sobre a Igreja, não nos permite permanecer fechados em zonas de conforto. Ele nos impele a ir além. A olhar para horizontes ainda não tocados. A identificar, com os olhos da fé, terras que já estão fecundas, prontas para florescerem ao primeiro anúncio.
A missão é viva. Ela se move. Ela respira com o povo que caminha. E como toda obra viva, ela cresce, amadurece, precisa ser cuidada, precisa se adaptar. Uma plantação que se expande exige que novas mãos cuidem dela, que novos celeiros sejam construídos, que mais operários conheçam e se dediquem ao campo.
E é bonito ver como o Espírito suscita entre nós novos trabalhadores, vocações que florescem, talentos que se revelam, e comunidades que crescem como ramos de uma mesma videira. Algumas regiões, antes apenas sementes, hoje já são arvoredos. A sombra que elas produzem já acolhe muitos, e os frutos que nelas amadurecem já sustentam vidas.
É hora de cuidarmos melhor dessas regiões. É tempo de olharmos com amor para essas porções do povo de Deus que, pela graça, floresceram. É tempo de organizar, de discernir, de pastorear com mais proximidade. Quem ouve com sabedoria os sussurros do Espírito, perceberá que o Senhor pede algo novo, e pede já. E aqueles a quem Ele confia esse cuidado, sabem: não podemos deixar sem guia os rebanhos que crescem.
Por isso, com alegria, convoco todos — bispos, padres, religiosos, leigos — a olharem para os campos que se estendem diante de nós. O campo é vasto. A seara é grande. E o Senhor está disposto a enviar operários, se os pedirmos com fé. Não temamos alargar o espaço da tenda. Não hesitemos em reforçar as estacas. Pois o Espírito que nos guia jamais abandona aquele que, por Ele, se lança à missão.
Chegamos ao fim desta audiência com os corações abrasados pelo mesmo fogo que desceu sobre os apóstolos no cenáculo. Pentecostes é o nascimento da Igreja, mas também o seu eterno recomeço. A cada geração, o Espírito renova o rosto da Igreja; e hoje, nesta igreja construída na comunidade digital do Minecraft, Ele faz o mesmo.
Ao longo desses cinco anos de missão, temos visto crescer um povo generoso, comunidades se organizarem, vocações se acenderem, jovens despertarem para a fé. Não foi obra humana. Foi graça. Foi sopro do Espírito. E essa graça continua.
Este é o tempo de reconhecer os frutos visíveis: O ardor dos catequistas, O zelo dos padres que perseveram, Os jovens que começam a sonhar com o sacerdócio, Os fiéis que encontram consolo, amizade, sentido e oração nesse lugar que ultrapassa pixels — e toca almas.
Mas também é o tempo de assumir responsabilidades. O Espírito que nos renova também nos envia. Não há Pentecostes sem envio. E Ele hoje nos envia para alargar nossas tendas, para sair do cômodo, para acender novas chamas onde há escuridão.
Sim, irmãos: há terras que ainda não tocamos, comunidades que esperam ser chamadas, e corações que precisam ser cuidados. É hora de abrir novos caminhos de missão, com sabedoria, zelo e discernimento. Talvez nem todos percebam agora o que o Espírito está sussurrando… Mas os atentos aos sinais de Deus já estão compreendendo.
É tempo de plantar. É tempo de ousar. É tempo de confiar.
E enquanto caminhamos, não esqueçamos: este é o nosso Jubileu. Este é o ano da esperança que renova. E a esperança não decepciona — porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (cf. Rm 5,5).
Portanto, com fé renovada, sigamos como discípulos e apóstolos. Vamos construir pontes, não muros. Vamos carregar Cristo até os confins — mesmo os digitais.
E que Maria, Mãe da Igreja, que estava no Cenáculo, esteja também conosco neste novo Pentecostes da missão.